domingo, 22 de agosto de 2010

O Apocalipse de Pedro (pseudígrafo)

O discurso profético do Senhor
1. “...muitos dentre eles serão falsos profetas e ensinarão caminhos e diversas doutrinas de perdição. 2. Ora, aqueles tornar-se-ão filhos da perdição. 3. Então virá Deus aos meus fiéis, os famintos e sedentos e que são aflitos e que tiveram suas almas aprovadas nesta vida, os quais julgarão os filhos da perversidade”.
O Senhor e os apóstolos vão ao monte orar
4. E também disse o Senhor: “Vamos ao monte e oremos”. 5. Então, indo com ele, nós, os doze discípulos, lhe suplicamos que nos mostrasse um de nossos irmãos justos que haviam partido do mundo, a fim de que víssemos que espécie de forma tinham e, sendo motivados, possamos motivar as pessoas que nos ouvirem.
A aparição de dois belos homens glorificados
6. E nós estávamos orando, quando súbito apareceram dois homens, posicionados para o leste, diante do Senhor, de modo que não conseguíamos olhar para eles. 7. Pois irradiavam de seus rostos um raio como do sol, e as suas roupas reluziam de uma forma jamais vista por olho humano, nem boca alguma poderia explicar nem coração algum conceber a glória com que estavam revestidos e a beleza de sua aparência. Olhando para eles, ficamos maravilhados, pois seus corpos eram mais alvos que toda neve e mais corados que qualquer rosa. 9. Ora, de tal forma se mesclava o seu rubor com a brancura, que não posso descrever esta beleza com palavras. 10. Pois sua cabeleira era lisa e semelhante a flores que caíam graciosamente sobre seus rostos e por seus ombros como uma coroa tecida de nardos e diversas flores, ou como o arco-íris no céu. Esta era a sua aparência.
11. Vendo sua beleza, ficamos encantados com eles, em sua súbita aparição. 12. E me aproximei do Senhor dizendo: “Estes quem são?” 13. Disse-me: “Estes são os vossos [nossos] irmãos, os justos, cuja forma desejastes ver”. 14. Também falei-lhe: “E onde estão todos os justos? Que tipo de lugar é o mundo em que vivem, tendo esta glória?”
A visão do mundo glorioso
15. E o Senhor me mostrou uma imensa região externa a este mundo, com uma luminosidade ofuscante, e a atmosfera daquele lugar era iluminada pelos raios do sol, e a sua terra florescia com flores imarcescíveis, e cheia de espécies e plantas, sempre florescentes e imperecíveis, gerando frutos benditos. 16. Ora, tal era o perfume que o aroma chegava até nós. 17. E os moradores deste lugar estavam vestidos como anjos reluzentes, e cada qual se vestia conforme sua região. 18. E havia anjos voejando em
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volta deles. 19. E a glória dos que ali moravam era em todos igual, e em uma voz louvavam ao Senhor Deus, regozijando-se naquele lugar. 20. O Senhor nos disse: “Este é o lugar dos vossos sumo-sacerdotes, as pessoas justas”.
A visão do mundo de castigo
21. Então vi outro lugar em frente a este, sórdido; e era um lugar de castigo. E vi os que eram castigados e os anjos que os castigavam, tendo as roupas escuras como trevas, em conformidade com a atmosfera daquele lugar.
Os blasfemadores
22. E alguns ali estavam pendurados pelas línguas. Ora, estes eram os que blasfemaram acerca do caminho da justiça; e debaixo deles uma fogueira ardia e os castigava.
Os injustos
23. E havia um grande lago repleto de lava ardente, no qual estavam aquelas pessoas que se haviam afastado da justiça, e sobre eles estavam os anjos verdugos.
Os adúlteros
24. Também havia outras pessoas, mulheres, penduradas pelos cabelos sobre aquela lava incandescente. Ora, estas eram as que se haviam adornado para o adultério. E, quanto aos que se uniram a elas na podridão do adultério, eram suspensos pelos pés, e tinham as cabeças sobre a lava. E todos diziam: “Não acreditávamos que haveríamos de findar neste lugar”.
Os assassinos
25. E vi os assassinos e os seus comparsas jogados em um lugar estreito e repleto de répteis malignos, e eram mordidos por aquelas feras, e se revolviam naquele tormento. Ora, sobre eles havia vermes, tantos que pareciam nuvens negras. E as almas dos que foram assassinados estavam observando o castigo daqueles assassinos, dizendo: “Ó Deus, justo é o teu juízo”.
As fornicadoras
26. Bem perto daquele lugar vi outro lugar estreito, no qual caiam os fluidos e dejetos fétidos dos que eram castigados, e ali se formara como que um lago. Ali jaziam mulheres, submersas até o pescoço naquele lamaçal; e, diante delas, muitas crianças, que haviam nascido precocemente, choravam. E disparavam labaredas de fogo que feriam as mulheres nos olhos. Ora, estas eram as que conceberam fora do casamento e abortaram.
Os perseguidores
27. E outros homens e mulheres eram queimados até a sua metade, e jogados em um lugar escuro, e flagelados por espíritos malignos, e tinham as entranhas devoradas por insaciáveis vermes. Ora, estes eram os que perseguiram os justos e os entregaram à morte.
Os blasfemadores
28. E perto daqueles havia ainda mulheres e homens mordendo os próprios lábios e sendo castigados; e eram içados por um ferro incandescente que lhes atravessava os olhos. Ora, estes eram os que blasfemaram e falaram mal acerca do caminho da justiça.
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Os mentirosos
29. E diante destes havia ainda homens e mulheres mordendo suas línguas e tendo fogo ardente nas bocas. Ora, estes eram os que praticaram falso testemunho.
Os avarentos
30. E em outro lugar havia rochedos incandescentes mais afiados do que espadas ou qualquer objeto pontiagudo, e mulheres e homens maltrapilhos, vestidos em trapos imundos, eram castigados rolando em volta de si mesmos. Ora, estes eram os ricos que confiaram em suas riquezas e não se compadeceram dos órfãos e das viúvas, antes negligenciaram os mandamentos de Deus.
Os agiotas
31. E, em outro grande lago, repleto de pus, sangue e lava ardente, havia homens e mulheres ajoelhados. Ora, estes eram os que emprestavam dinheiro e acrescentavam usura sobre usura.
Os homossexuais
32. E outros homens e mulheres eram atirados em um grande precipício. Chegando ao fundo, eram puxados até o topo por aqueles que estavam sobre eles, e novamente lançados no precipício; e este castigo não tinha fim. Ora, estes eram os homens que profanaram os próprios corpos, comportando-se como mulheres. E havia mulheres entre eles; estas eram as que se deitaram umas com as outras, como um homem se deita com uma mulher.
Os idólatras
33. E junto àquele precipício havia um lugar cheio de fogo; ali estavam homens que fizeram com as próprias mãos imagens de si mesmos, em lugar de Deus.
Os apóstatas
E, junto àqueles homens, havia outros homens e mulheres segurando bastões de fogo e golpeando-se uns aos outros e nunca cessavam de se castigar desta forma.
34. E ainda outros perto deles, mulheres e homens, queimando, contorcendo-se e fritando. Ora, estes eram os que abandonaram o caminho de Deus.
--FIM--
Índice Remissivo
Não se trata de uma lista exaustiva, mas de palavras com maior relevância no texto. Os números referem-se aos versos em que há ocorrência.
Alma(s): 3, 25
Anjo(s): 17, 18, 21, 23
Castigo, castigar: 21, 21, 21, 22, 25, 26, 28, 30, 32, 33
Deus: 3, 19, 25, 30, 33, 34
Discípulos: 5
Fogo: 26, 29, 33, 33
Homem(ns): 6, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 32, 32, 33, 33, 33, 34
Justiça: 22, 23, 28
Justo(s): 5, 13, 14, 20, 25, 27
Lugar: 14, 15, 17, 19, 20, 21, 21, 21, 24, 25, 26, 26, 27, 30, 33, 33
Mulher(es): 24, 26, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 32, 32, 33, 34
Mundo: 5, 14, 15
Pessoa(s): 5, 20, 23, 24
Profetas: 1
Senhor: 4, 6, 12, 15, 19, 20

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